Julgamento - OSHO
Julgamento significa um estado mental estagnado. E a mente sempre deseja julgar, porque estar em processo é sempre arriscado e desconfortável. Seja muito, muito corajoso; não pare de crescer, viva o momento, simplesmente permaneça no fluxo da vida.
Esta estória aconteceu nos dias de Lao Tzu, na China, e Lao Tzu a amava muito.
Havia numa aldeia um velho muito pobre, mas até reis o invejavam, pois ele tinha um lindo cavalo branco... Reis ofereciam quantias fabulosas pelo cavalo, mas o homem dizia: “ Este cavalo não é um cavalo para mim, é uma pessoa. E como se pode vender uma pessoa um amigo?” O homem era pobre, mas jamais vendeu o cavalo.
Numa manhã descobriu que o cavalo não estava na cocheira. A aldeia inteira se reuniu, e disseram: “Seu velho estúpido! Sabíamos que um dia o cavalo seria roubado. Teria sido melhor vendê-lo que desgraça!”
O velho disse: “Não cheguem a tanto. Simplesmente digam que o cavalo não está na cocheira. Este é o fato; o resto é julgamento. Se trata de uma desgraça ou de uma benção, não sei, porque este é apenas um fragmento. Quem pode saber o que vai se seguir?”
As pessoas riram do velho. Elas sempre souberam que ele era um pouco louco. Mas quinze dias depois, de repente, numa noite, o cavalo voltou. Ele não havia sido roubado, ele havia fugido para a floresta. E não apenas isso, ele trouxera uma dúzia de cavalos selvagens consigo.
Novamente as pessoas se reunirão e disseram: Velho você estava certo. Não se tratava de uma desgraça; na verdade provou ser uma benção.”
O velho disse: Novamente vocês estão se adiantando. Apenas digam que o cavalo está de volta... quem sabe se é uma benção ou não? Este é apenas um fragmento. Você lê uma única palavra de uma sentença - como pode julgar todo o livro?”
Desta vez as pessoas não podiam dizer muito, mas interiormente sabiam que ele estava errado. Doze lindos cavalos tinham vindo...
O velho tinha um único filho, que começou a treinar os cavalos selvagens. Apenas uma semana mais tarde ele caiu de um cavalo e fraturou as pernas. Novamente as pessoas se reuniram, e mais uma vez julgaram. Elas disseram: “Você tinha razão novamente. Foi uma desgraça. Seu único filho perdeu o uso das pernas, e na sua velhice ele era o seu único amparo. Agora você está mais pobre do que nunca.
O velho disse: “Vocês estão obcecados por julgamentos. Não se adiantem tanto. Digam apenas que meu filho fraturou as pernas. Ninguém sabe se isso é uma desgraça ou uma benção. A vida vem em fragmentos, mais que isso nunca é dado”.
Aconteceu que, depois de algumas semanas, o pais entrou em guerra, e todos os jovens da aldeia foram forçados a se alistar. Somente o filho do velho foi deixado para trás, porque era aleijado. A cidade inteira estava chorando, lamentando-se, porque aquela era uma luta perdida e sabiam que a maior parte dos jovens jamais voltaria. Eles vieram até o velho e disseram: “você tinha razão, velho - aquilo se revelou uma benção. Seu filho pode estar aleijado, mas ainda está com você. Nossos filhos foram-se para sempre.”
O velho disse mais uma vez: “Vocês continuam julgando. Ninguém sabe! Digam apenas que seus filhos foram forçados a entrar para o exército e que o meu filho não foi. Mas somente Deus, a totalidade, sabe se isso é uma benção ou uma desgraça.”
Não julgue, porque dessa maneira jamais se tornará uno com a totalidade. Você ficará obcecado com fragmentos, pulará para conclusões a partir de coisas pequenas. Quando você julga você deixa de crescer. Julgamento significa um estado mental estagnado. E a mente sempre deseja julgar, porque estar em processo é sempre arriscado e desconfortável.
Na verdade a jornada nunca chega ao fim. Um caminho termina, outro começa; uma porta se fecha, outra se abre. Você atinge um pico; sempre existe um pico mais alto. Deus é uma jornada sem fim. Somente aqueles que são muito corajosos, não se importando com a meta e se contentando com a jornada, satisfeitos simplesmente de viver o momento e de nele crescer...somente aqueles são capazes de caminhar com a totalidade.
OSHO - Until You Die - pág. 36-40 - (em português: antes Que Você Morra)
Dulce Ana Chagas Nithack - Pedagoga e Psicoterapeuta Holística - CRT Nº 28729
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